segunda-feira, 22 de junho de 2009

A vida em mãos.

É certo que existe uma conduta ética esperada para quase todo tipo de profissional bem como para os jornalistas, mas antes de existir uma ética profissional não deveria haver uma ética do indivíduo? No mínimo, a incorporação de um código de ética à legislação assim como a adoção de uma disciplina chamada Ética Jornalística ao currículo de estudantes de jornalismo são fatos que nos fazem indagar se isso está certo.
Antes de pensarmos numa ética profissional é preciso haver uma discussão mais profunda da conduta do ser humano. Acredito que a ética está (ou deveria estar) presente em todas as ações humanas, desde as mais particulares. O homem virtuoso é aquele do meio-termo de Aristóteles, que pondera cada pequeno ato. E mesmo um pequeno ato pode mudar a vida de alguém.
Esse poder sobre a vida de outrem é temerário e faz parte do ofício de jornalista. Não são poucos os que procuram a profissão no ímpeto por mudanças, no auge do romantismo de achar que suas palavras transparecerão a verdade e que contribuirão para o bem social. O que, em grande parte não deixa de ser verdade, visto que em muitos momentos da história o papel da imprensa foi decisivo para que mudanças significativas para o bem pudessem ter ocorrido.
Mas assim como qualquer outro profissional, o jornalista está passível de erros e estes acabam se tornando gravíssimos já que os veículos de imprensa atingem um número muito grande de pessoas e são capazes de influenciar uma população quase em sua totalidade com ideologias e valores. E é nesse aspecto que o trabalho do jornalista é quase sempre delicado e perigoso.
E não é apenas o trabalho de jornalistas políticos, econômicos ou daqueles que tratam de casos polêmicos que é marcado por distorções: o jabá é, infelizmente, uma realidade do jornalismo cultural.
Quem não se lembra do caso da Escola Base, de 1994, em que vários veículos midiáticos publicaram informações falsas envolvendo um casal de educadores? Segundo a imprensa, os pedagogos eram acusados de cometer pedofilia com seus alunos. Eles foram brutalmente humilhados e ofendidos pela comunidade e mesmo anos depois de revelada a verdade eles nunca mais puderam levar uma vida tranqüila.
Erros acontecem, mas nem sempre são reversíveis. Ou quem sabe não são somente erros e sim má conduta? A consciência deve estar a serviço da vida e esta não pode ficar subordinada a equívocos ou má conduta. É essa a lição que muitas pessoas, não apenas jornalistas, deveriam tirar de acontecimentos como esse.

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