A ética de Kant e a ética jornalística

Segundo Kant, o “imperativo categórico” diz respeito a leis universais que visam ao bem de todos os seres humanos. Para o pensador alemão, a noção de ética está diretamente relacionada com leis universais e o bem-estar de todos. Em outras palavras, agir de acordo com a fórmula do “imperativo categórico” é agir eticamente.
No meio jornalístico, o profissional da área deve seguir as determinações do Código de Ética dos Jornalistas, o qual rege (ou pelo menos deveria reger) sua conduta. Assim sendo, o jornalista precisa ter um comportamento baseado em atitudes como procurar saber a verdade da forma mais ampla possível, ou seja, colhendo informações de diversas fontes que apresentem diferentes versões de um determinado acontecimento e não veicular notícias pejorativas e parciais que visem a interesses particulares. É importante que o jornalista tenha a consciência de que tem uma função social, no sentido de informar a sociedade e contribuir para seu bem-estar, colocando-a a par dos acontecimentos de forma imparcial.
Apesar disso, o que vemos hoje é que freqüentemente o jornalista não apresenta uma postura ética em seu trabalho. Isso é condicionado em grande parte pelo fato de que as grandes corporações da comunicação (jornais e emissoras de televisão, por exemplo) querem conquistar maior visibilidade e maiores lucros. Sendo assim, o jornalista deve agir de acordo com os interesses dessas empresas para garantir seu emprego. É dessa situação que têm origem o sensacionalismo e a informação de má qualidade em geral.
Um outro caso em que o jornalista age antieticamente é quando ele, em busca da cobertura de grandes acontecimentos e da exclusividade da notícia, acaba não respeitando as pessoas envolvidas. Podemos ilustrar tal situação a partir dos casos de tragédias (criminais ou não) em que os repórteres procuram de qualquer maneira conseguir algum depoimento de familiares da(s) vítima(s) envolvida(s), desrespeitando a dor e privacidade desses quando claramente não querem dar declarações.
Se, portanto, formos nos basear na idéia do “imperativo categórico” de Kant, entende-se por ética aquilo que vale como lei universal e visa ao bem do homem. Tal noção está essencialmente incrustada no Código de Ética dos Jornalistas. Assim, o jornalista ético seria, na visão de Kant, aquele que segue o “imperativo categórico”.

Felipe Barrionuevo