sábado, 20 de junho de 2009

O quarto poder



Rede Globo, Fantástico, Maio de 1998: O repórter Pedro Bial, sem saber que estava no ar disse: “Isso é coisa de veado”, enquanto cobria o Ballet Kiov, grupo russo que começaria uma temporada no Brasil;

Sportv, transmissão de um jogo, Março de 2009: O narrador Milton Leite, sem perceber que a câmera estava gravando, soltou: “O Rogério Ceni é chato pra car...”;

Canal da TV holandesa, Boemerang, 1988: O apresentador do talk-show mais popular do país não consegue parar de rir de seus dois entrevistados: uma mulher paralítica e um homem com problema nas cordas vocais;

TV Terra, outubro de 2006: Lílian Wite Fibe não se agüenta de tanto rir ao dar a notícia sobre uma senhora de 80 anos portadora de necessidades especiais que traficava drogas;

Notícias, Canal NTV, Portugal: O jornalista se irrita profundamente quando dá a notícia sobre a independência do Timor-Leste. Após ler o texto, diz: “Car...que fod...! Está bem, que porr.. é essa meu!”;


Esses foram apenas alguns, dos milhares de exemplos que temos de gafes, erros e más condutas de jornalistas. Como podemos ver, a maioria são profissionais renomados, que trabalham em grandes corporações. Infelizmente, a falta de ética na profissão ainda é muito grande. Como disse uma vez Cláudio Abramo, a ética do jornalista é a mesma do marceneiro, ou seja, a ética é uma coisa universal, e independe da profissão ou da pessoa.

Falando um pouco da origem da palavra ética, esta é um derivativo da palavra ethos, que significa caráter, ou modo de ser através dos atos e hábitos. Como falou o professor John Merrill, a ação ética está delimitada onde o indivíduo tem a liberdade de eleger. Trazendo esta afirmação ao campo do jornalismo, podemos entender, então, que a ética jornalística depende exclusivamente do perfil moral do trabalhador.

O que vemos na grande imprensa é que o repórter “vende” sua credibilidade ao seu chefe, de modo que ele faz tudo que seu mandatário ou a linha política do jornal mandar. Como escreveu Perseu Abramo, “A distinção entre jornalistas e empresários da comunicação é real, na medida em que diferencia não apenas dois pólos opostos numa mesma relação econômica, mas também cidadãos inseridos em classes diferentes dentro de uma mesma estrutura social”. O que todos os jornalistas devem perceber é que o único patrimônio que possuem são os seus nomes. Se a reputação de um jornalista fica manchada, este perderá toda a sua credibilidade na hora de dar uma notícia. O que falar de jabás? Ou matérias plantadas?

Além de todos esses problemas, percebemos o mais grave dos erros no código de ética dos jornalistas. Ao dizer que o jornalista tem o controle sobre todo processo de produção, sua natureza, qualidade e significado na produção final, o código comete um erro grave: infelizmente, o serviço que o jornalista presta à sociedade também é alienado, e ele não tem consciência nenhuma do processo como um todo.

O objetivo do texto foi de passar uma mensagem crítica a respeito das ações que vem sendo praticadas pelos jornalistas e grandes meios de imprensa. Precisamos urgentemente rever nossos conceitos e ações, a fim de melhorar a credibilidade da profissão em geral.


André Biernath




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