terça-feira, 23 de junho de 2009

O lado publicável da história


"Me empresta uma parte do jornal, papai?"
"Aqui"
"Obrigada"
"Frase do dia: Quanto mais conheço os homens, mais querido é meu cachorro - Diógenes"
"Cachorro!..."
"Que tipo de jornalismo é esse? Falta a opinião do cachorro!"
Segundo o cineasta francês Jean-Luc Godard, "A objetividade jornalística é a seguinte: um minuto para Hitler, um minuto para os judeus”. Apesar do tom humorístico, a tirinha da personagem Mafalda aponta para o mesmo fato: o dever jornalístico de sempre contar os dois lados da história.
Ao analisarmos a cobertura atual dos fatos no Brasil, podemos perceber diversas vezes a falta de ética da mídia em geral ao muitas vezes noticiar apenas uma opinião sobre o mesmo acontecimento.
Uma garota de 9 anos foi estuprada por seu padrasto. Sua mãe e seus médicos foram excomungados ao realizarem o aborto na menina. Os jornais, em sua grande maioria, apenas contaram o fato e entrevistaram o padre responsável e a instituição Igreja Católica.
O jornal "Folha de S. Paulo" publicou uma reportagem que responsabilizava a Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, por ter planejado, durante a Ditadura Militar, o seqüestro de Delfim Neto, além de ilustrar a publicação com uma suposta ficha criminal dela. Por ser uma grande figura de importância política, Dilma teve seu direito de resposta negado, escrevendo uma carta à Folha com o pedido que a mesma fosse publicada. O mesmo documento só foi publicado no blog do jornalista Luís Nassif, que não trabalha no periódico.
É lamentável que os órgãos de comunicação noticiem apenas o fato que lhes é favorável, seja pela opinião do veículo ou da lucratividade obtida com vender o lado mais “interessante” aos olhos do público, caracterizando um sensacionalismo hipócrita e barato. Os jornalistas devem reassumir seu papel de transmissores da notícia, dando igual destaque e espaço aos diferentes posicionamentos, retomando assim a ética profissional.
Julia Boarini

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