segunda-feira, 22 de junho de 2009

O tom do jornalismo mal feito

“Imprensa marrom é a forma como podem ser chamados órgãos de imprensa considerados publicamente como sensacionalistas e que busquem alta audiência e vendagem através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos” – definição extraida da wikipédia.

O conceito de imprensa marrom é algo velho na sociedade, mas ainda não foi totalmente superado. De tempos em tempos as grandes empresas de comunicação (muitas delas se dizem jornalísticas) nos dão uma verdadeira aula de como o jornalismo exercido de forma irresponsável pode ser, e na maioria das vezes realmente é, prejudicial para a sociedade.
Exemplificam essa conduta: o caso do sequestro da menina Eloá, de 15 anos, onde a imprensa deu vóz e visibilidade a um jovem psicológicamente instável e que fazia duas adolescentes refens. O sequestro acabou com Eloá morta e a amiga ferida. A pergunta principal que se extraí desse caso é: se a atuação dos reporteres tivesse sido diferente,e se os jornais não tivessem tratado o caso de forma sensacionalista, o desfecho do caso poderia ter sido diferente?
Outra questão que pode ser colocada, ainda tratando da história desse sequestro. Os jornalistas que se instalaram nos arredores do cativeiro, levando o olhar da sociedade para aquele local, não fizeram que o caso demorasse mais para ser resolvido? E dessa forma afetaram não só a vida da família dos envolvidos diretamente, mas a todos que moravam e trabalhavam na região?
Exemplifica, também, a postura de busca pela audiência/lucro por parte da imprensa, a cobertura dada à história do assassinato de Isabela Nardoni. Nesse caso, os meios de comunicação além de explorar a história da família em que o pai matou a própria filha, expuzeram tanto mãe da vítima quanto algozes à sociedade ainda sem saber quem realmente eram os culpados.
O artigo 6° do capítulo II do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros diz: “VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão” e “XI – defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias”. Esses dois itens são ignorados quando se pratica o jornalismo marrom, ao menos da forma como ocorreu nos casos citados. No primeiro caso, menores de idade em situação de risco foram expostos em rede nacional, no segundo o drama de uma família foi explorado e estampado em todos os jornais, a imprensa deu o veredicto antes da justiça.
É esse o tipo de jornalismo que ainda não foi superado, e que além de lamentável, afeta a vida de pessoas de forma desnecessária e prejudicial.

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