segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dualismo

A formação individual é responsável pela divergência entre as possíveis definições da realidade, o que permite a transformação de verdades em ilusões. A realidade se torna, portanto, relativa e discutível ao ser analisada por pontos de vista diversos. Sendo este o ponto de partida, pode-se levantar a hipótese de que, para muitos jornalistas, seguir a própria ética ao invés da coletiva é algo mais real, e, ao mesmo tempo, menos ilusório, do que se dizer respeitador da segunda. Pode-se também, considerar a coletiva como a única correta e possível, o que torna sua veracidade indiscutível.
Para cada membro de nossa sociedade, existe um parâmetro de vivência. À medida que cresce, o ser humano, imperceptivelmente, cria sua própria maneira de lidar com as situações do cotidiano, compondo um raciocínio e uma opinião sobre tudo. Deste modo, o padrão de verdades para o homem está em seu todo interligado com dogmas aos quais aderiu ao longo da vida e nos quais se baseia para julgar a veracidade das coisas. Portanto, ao julgar as atitudes dos jornalistas, é preciso, antes de qualquer coisa, levar em consideração que, este, por mais profissional que seja, é dotado de princípios próprios e age da maneira que considera correta, independente de qualquer coisa. A formação profissional não interfere a pessoal em qualquer área. Obviamente que o trabalho do jornalista pede uma responsabilidade e um cuidado muito maior com aquilo que divulga, com aquilo que pergunta, entre outras coisas, mas, antes de ser jornalista, é ser humano, e, muitas vezes, pode considerar a possibilidade de seguir à risca a ética coletiva, uma mera ilusão. Sabe-se que muito do que o jornalista de hoje faz, é parte de uma série de estratégias e manipulações, mas, mesmo nesta situação, o profissional não deixa de basear-se em suas convicções. A ética, como teoria, é perfeita e parece muito simples de ser obedecida, mas, realmente só como teoria.
A relatividade das verdades e ilusões é tal, que possibilita às “regras” serem mais ou menos valorizadas, o que depende somente, do quão presente é isso ou aquilo na vivência de quem analisa. A responsabilidade profissional também deve ser levada em consideração, mas se a presença de certos princípios é quase ou totalmente nula na vida do jornalista, tornam-se ilusórios e, consequentemente, irrelevantes.
Como perguntar, o que perguntar, o que divulgar, são exemplos bastante comuns das dúvidas que surgem durante o período de trabalho de um comunicador social. Mas, por mais que a ética “não queira”, o que determina isso são as tradições adquiridas por aqueles que mantiveram, ao longo da vida, algum contato com algo que concretize e dê sentido ao que se apresenta como verídico. A existência de normas gerais ou individuais para o exercício do jornalismo depende da teoria que se leva em conta, o que permite defini-la, em cada caso, como ilusão ou parte da realidade.
Logo, estabelecer o que está certo e o que está errado na atitude do profissional é extremamente difícil, pois tudo o que existe pode se tornar verdade ou ilusão, a partir do momento em que se apresentam justificativas plausíveis para a afirmação.

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