segunda-feira, 22 de junho de 2009

A ética, as leis e a paixão pela profissão

Em meados da década de 60, Octávio Ribeiro, mais conhecido como Pena Branca, foi investigar o tráfico de drogas na América do Sul. Viajou, acompanhado de um fotógrafo da revista Veja, pelas cidades mais perigosas do continente. Se passou por bandido, enganou traficantes. Conseguiu chegar ao Brasil, sem ser preso, com uma mala cheia de drogas. Produziu uma matéria excelente e escancarou a fácil entrada de tóxicos no país.

O mesmo Octávio Ribeiro, correndo atrás de um dos suspeitos de um crime não resolvido pela polícia brasileira, precisou mentir. O acusado, assim que encontrado pelo repórter, pediu algo em torno de 600 dólares para conceder a entrevista. Desesperado, quando tentava ligar para a redação do jornal, pedindo dinheiro, encontrou um colega de profissão do jornal concorrente. O jornalista já estava com o dinheiro e tinha tudo para conseguir a entrevista. Sem pensar duas vezes, determinado em dar o "furo", Octávio disse ao colega que já tinha feito a entrevista, que era melhor poupar o dinheiro do Jornal e voltar ao Brasil. No mesmo dia, pensando que tinha sido "furado", o rapaz voltou ao país sem a matéria. Octávio conseguiu o dinheiro e a entrevista exclusiva no dia seguinte.

Os dois casos acima mostram a paixão de um profissional por sua profissão, mas geram discussões acerca da conduta moral e ética do jornalista. O que seria mais correto? Não comprar as drogas e não denunciar uma corrente de crimes, ou viajar até São Paulo com a mala cheia de drogas? Muitos poderão dizer que Octávio Ribeiro foi anti-ético quando disse que já havia realizado a entrevista. Mas quem merecia mais a exclusiva? O repórter que chegou primeiro ao entrevistado, ou o que trabalhava para um jornal com mais fundos disponíveis?

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