terça-feira, 23 de junho de 2009

“Democratização da Informação” e a Ética Jornalística

Em meio a tantas novas tecnologias, um novo jornalismo vem surgindo, e com ele uma decorrência de fatos que exigem reflexões sobre o modo de pensar jornalístico. Os blogs representam em peso essa nova era e o principal argumento a favor deles é a interatividade que eles proporcionam aos cidadãos, remetendo a uma dita “democratização da informação”. Agora as pessoas ( sendo formadas para isso ou não) podem não só opinar nas notícias, como participar delas e criá-las. E ai se pára para pensar, onde fica a ética jornalística, tão fundamental na grade das faculdades de comunicação social? Esse ponto cria nós de duas maneiras: a primeira é de quem são as pessoas que estão escrevendo como bem entendem essas notícias que podem ter repercussão global? E a segunda, que não deixa de ser resultado dessa primeira, é que essa história de “democratização da informação” foi tão aceita que teve seu auge essa última semana com o fim da exigência do diploma de jornalista. E agora? Está escrito e assinado embaixo que todos podem fazer o que bem entender com a informação, sem ser necessário nenhum tipo de técnica e conhecimentos básicos? E a questão que grita em meio a isso tudo é: Onde fica a ética jornalística? Quem vai ter conhecimento dela se não os estudantes de jornalismo? Se devido a isso começar a haver uma baixa na procura de faculdades de jornalismo, quem vai estudar a ética jornalística? Os advogados? Os reais interessados nisso vão fazer o que bem entender e esperar dar alguma coisa errada para procurar um advogado que lhes informe sobre a ética jornalística? Acho que estamos num momento em que as mudanças estão eclodindo cada vez mais e isso está ocorrendo de uma forma dissimulada e inconseqüente. Está na hora de se parar para fazer sérias reflexões. Agora é o momento de exigir mudanças dentro dessas mudanças. É preciso ser calculista, mas com um coração de jornalista para definir os caminhos que a profissão deve tomar daqui pra frente, sempre tendo em vista os princípios éticos. Não se pode deixar que o jornalismo perca o brilho que é intrínseco a ele, de valor indescritível e de influência inegável nas relações e no funcionamento da sociedade. Afinal, o jornalismo está presente em tudo, na economia, na cultura, na política... Não podemos tratá-lo como uma atividade qualquer que pode ser exercida por qualquer um sem o menor preparo. É, sem dúvidas, fundamental que ele mude, acompanhe as novas tecnologias, se desenvolva com a sociedade e possa estar cada vez mais acessível a todos,inclusive visando uma real democratização da informação, porém isso não pode acontecer sem que haja um compromisso com a ética e com os direitos humanos!

Gabriela Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário